Dilma Rousseff enganou-se ao considerar "um pouco deselegante" a pergunta que lhe foi feita sobre sua saúde, particularmente sobre o câncer linfático que tratou no ano passado.
Tanto a pergunta é cabível que ela mesma esteve no hospital Sírio-Libanês para se submeter a exames e monitorar o resultado do tratamento.
Seria deselegante perguntar em 1966 ao general Costa e Silva como estavam suas coronárias? Estavam entupidas e ele saiu do ar em 1969, no meio do mandato, atirando o Brasil num período de anarquia militar.
Seria deselegante perguntar em 1978 ao general Figueiredo se era cardiopata? Era. Tivera um infarto que passara despercebido, e teve outro em 1981. Seu governo, que já tinha pouco rumo, perdeu-o de vez.
Seria deselegante perguntar em 1984 a Tancredo Neves porque vivia apalpando a virilha? Um tumor (cuja existência temia, mas não conhecia) incomodava-o havia meses.
Acaba de chegar às livrarias "O Paciente - O Caso Tancredo Neves", do jornalista Luís Mir. É uma história de horror, mentiras e mesquinharias.
Metade do volume é de cópias de documentos hospitalares. Os médicos mentiram do início ao fim.
Mentindo e brigando, agravaram o estado de Tancredo. Ele não precisava ser operado daquele jeito, naquele hospital, naquela madrugada do dia de sua posse na Presidência.
A pergunta feita a Dilma não foi deselegante, foi prática, em seu benefício. Permitiu-lhe explicar que se sente muito bem: "Ninguém com alguma doença seguraria uma campanha eleitoral como eu seguro. É do Oiapoque ao Chuí".
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