“Sou o intervalo entre o que sonho e o que a vida fez de mim.” Bernardo Soares
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De outra forma não se começaria, tendo em conta ser este o autor que mais me influenciou até aqui. Mas não nos apressemos com o que será dito mais tarde.
Meu nome é Talles, sou filho de Euder Sales Rodrigues e o meu irmão chama-se Natan, sou neto de José Geraldo de Souza Faria e Maria José de Souza Faria, muito grato sou a eles pela realização do que esperei. Contudo, soa-me ainda mais imprescindível os louros devidos à minha mãe, Marylandes. Fora ela que, desde a infância, estimulou-me no caminho das letras: abriu-me um mundo novo onde podia me aventurar e descobrir personagens, onde minhas questões sondadas obtinham respostas e, mais tarde, criavam-nas. Minha mãe é, com toda a certeza, a pessoa a quem mais devo o que trago de melhor: humanismo e literatura. Costumo dizer que se um dia chegar a ser metade do que ela é, Kant nenhum será mais moral que eu! Após essa primeira infância de descobertas, veio a adolescência e, com ela, especulações de ordem tal que outra literatura se mostrou precisa: era necessário algo mais denso, que saciasse minhas presentes indagações; mais uma vez, minha mãe. Apresentou-me Machado de Assis. E que não fique o fato restrito apenas à progenitora ideal, pois que muito se deve es

Após um 1° ano de poucas alterações ideológico e incentivo escolares (de relevante dessa época ficou-me somente a poesia drummondniana – se pode dizer “somente”), mudei-me, com minha mãe, para Lisboa, Portugal. Por mais que supunha, nunca teria a consciência do que isso seria em minha vida.
Apesar da pouca idade, costumo dividir-me em três fases: “pré-Lisboa”, “Lisboa” e “pós-Lisboa”. Por lá se me abateu uma nova idéia de mundo, se abriu um campo vastíssimo para coisas antes nunca pensadas por quem vivia num país engendrado pela mídia. Freqüentei o ensino secundário, estruturado de uma maneira diferente da nossa, que deveríamos adotar. Por exemplo, não se tem por lá a noção arcaica e ficcional que alguém que cogita uma faculdade de Letras deve, ainda assim, estudar e prestar provas de Matemática, Física e outras matérias que nada têm com o curso. Como eles dizem, isso “soa a piada, pá”.

Matriculei-me no curso de Ciências Sociais e Humanas, na Escola Secundária Dona Luísa de Gusmão. Tomei contato com a Filosofia. O ensino de qualidade, lecionado por professores capacitados, formados em grande parte na Universidade de Coimbra, incutiu-me indagações que apenas uma leitura intensa poderia me satisfazer. Nesse período conheci alguns clássicos da literatura mundial como Kafka, George Orwell, Aldous Huxley, Hermann Hesse, Saramago e o que mais me açambarcou o espírito: Fernando Pessoa. Não menosprezo a literatura brasileira, muito pelo contrário há escritores que me são cruciais: Drummond, Clarice Lispector, Augusto dos Anjos, etc. O que acontece é que nós, brasileiros, esquecemo-nos do mundo para sabermos apenas de brasilidades. E nossa literatura, apesar de maravilhosa, doa a quem doer, não é a melhor nem a segunda melhor do mundo. Há outras, fabulosas, que por cá esquecemos.
Conhecendo Fernando Pessoa, a análise filosófica tornou-se necessária para a i

Consegui graças a tudo e a todos que foram citados acima, dar esse presente à minha mãe. E gostaria, já encerrando, de que os jovens de Raul Soares conhecessem mais essa matéria, o que não é tão difícil, mesmo não tendo muito pesa a filosofia nacional, se levarmos em conta que os nossos próprios artistas veiculam de maneira simples filosofias complexas. Como acontece com Raul Seixas, que escreveu suas músicas com traços de Nietzsche, Sartre e outros pensadores complexos. Que se interessem mais os jovens, que pensem por eles mesmos, pois, como disse Rousseau, “a força criou os primeiros escravos, sua covardia tratou de perpetuá-los”.
(Talles)
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