Segundo algumas lendas do ventos do sul os vulcões eram aplacados com o sacrifício de virgens. Assim que um vulcão começasse a dar sinais de que iria explodir selecionavam uma virgem e a atiravam na cratera em ebulição, como oferenda aos deuses irados.
A persistência das lendas indica que a coisa funcionava. Ou que, quando não funcionava, concluíam que a moça não era virgem, e a ira dos deuses aumentava com a tentativa de enganá-los, acontecendo uma erupção.
Hoje em dia nem se pensaria em algo parecido. Não, bandalho, não pela escassez de virgens, mas porque somos pessoas civilizadas que não acreditam em deuses pagãos que controlam nosso destino e podem ser influenciados com presentes. O que é uma pena: sacrificar virgens seria pelo menos uma tentativa de dialogar com as forças da Natureza. Em vez de não fazer nada, que é o que nos resta diante de terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas...
Além, claro, das preces para aplacar a ira do nosso Deus único.
Está faltando diálogo entre a superfície e o interior da Terra. Nós, da crosta, estamos claramente sendo atacados pelas profundezas, sem meios para revidar. Placas tectônicas se movem subrepticiamente, derrubando nossas edificações e comprometendo nosso equilíbrio, e produzindo maremotos que completam a destruição. Quando parece que tudo serenou, explode um vulcão, a arma de fogo da Natureza, de surpresa, para nos manter desorientados e enfatizar nossa impotência.
Queremos uma trégua, mas não sabemos para quem apelar. Queremos negociar, mas não temos intermediários. Quem falaria por nós na língua soturna das profundezas, que só se comunica com catástrofes? Com quem acertar os termos da nossa rendição? Talvez se deva tentar as virgens de novo.
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