Um grande sofrimento angustia as pessoas que, a partir dos vigorosos apelos publicitários, se sentem na obrigação de seguir os modelos, não apenas sugeridos, como também muitas vezes exigidos para sua aceitação social e para a necessária inserção no "mercado da vida", tanto na perspectiva profissional, quanto na condição afetiva.
Uma notícia veiculada pelo Jornal da Globo em 15 de março mostrou que uma grande marca de roupas, tão famosa que já rendeu até filme, demitiu funcionários por serem feios, gordos, ou velhos. Sem dó nem piedade, aqueles que estavam na lista dos que não preenchiam os pré-requisitos, no caso beleza, magreza e juventude, perderam seu trabalho e, provavelmente, a auto estima.
Ninguém se refere, em momento algum, a noções como competência, eficácia, bons serviços, correção, entre outros, não menos indispensáveis. Qualquer funcionário numa condição dessas não é mais ele mesmo, pois se tornou apenas uma resposta ao apelo dos sentidos, um "enfeite" sem alma ou identidade, um autêntico manequim.
Essa situação pede uma reflexão séria e atenta sobre os absurdos que são cometidos em nome da idealização da imagem pessoal, como os requisitos que devem necessariamente ser preenchidos para um bom sucesso nos empreendimentos, não só profissionais, mas também afetivos, familiares e mesmo sociais, como se a ideia de "mercado de trabalho" tivesse expandido seus limites a outros territórios, criando novos "mercados", como o afetivo, o intelectual e sabe-se mais quantos ainda podem vir por aí.
Tomar consciência desses fenômenos cada vez mais recorrentes e dessas exigências cada vez mais descabidas é pelo menos tentar dimensioná-las com sensatez e, com isso, se proteger o melhor possível dessas situações ilusórias. Se conviver com elas é obrigatório, acreditar nelas é um risco para a identidade de cada um.
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Marina Gold (psicanalista)
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