sábado, 13 de fevereiro de 2010

Algumas moças e os rapazes alegres da cidade de Raul adoravam ir para estação ferroviária somente para verem o trem de ferro chegar.

Em Raul década de 70.
Algumas moças da sociedade, as mais ousadas, saiam do centro da cidade para irem bem pra lá do pontilhão da Rua Bom Jesus e misturavam com as moças que moravam na beira linha, para que, todas, pudessem vir de carona na Maria fumaça. Tudo isso e um pouco mais para verem de bem pertinho - os rapazes bonitos e fortes e que moravam na periferia.
Todos eles dependurados fazendo surf e arriscando a própria vida em cima do trem de ferro, cada um querendo fazer mais gracinha do que o outro. Eles - por cima dos vagões em movimento - pulavam de um vagão para o outro dando cambalhotas e quando chegavam ao pontilhão eles brincavam de trapézio e faziam pirâmides, e, tudo isso com o trem em movimento. Eram todos aplaudidos, e, depois de quase tudo, as garotas e os garotos alegres pagavam tudo que era de mais gostoso que era vendido na estação – e davam para os rapazes que fossem os mais corajosos e os mais fortes e os que arriscavam mais a vida. Os mais fortes e os mais bonitos tinham mais de uma namorada e às vezes três, e mesmo assim elas não brigavam.
Tudo mais ou menos romântico. Algumas moças as mais bonitas e as não muito bonitas e os rapazes alegres - adoravam ver aqueles surfistas de trem sem camisas e suados e com caras de James Dean. Naturalmente que os mais fortes e bonitos faziam tanto sucesso, que, se pedissem uma daquelas garotas para entrar na frente do trem em movimento era perigoso acontecer. Eram os heróis do trem.
Um dos surfistas acabou tendo um romance com um dos rapazes alegres, que era bonito e parecia uma moça de tão educado, os dentes pareciam ser de porcelana de tão branquinhos e ele andava como se tivesse desfilando e tinha um corpo de dar inveja e o cabelo cacheado de tanto usar rolim e os olhos da cor de folha seca. Como ele era o namorado do surfista mais bonito e o que fazia mais sucesso, as moças ficaram com ciúme e nunca mais voltaram na estação:

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