segunda-feira, 2 de março de 2009

“Uma superdose de testosterona num ambiente dominado por homens levou a estratégias e atitudes arriscadas?”

Homens. Homens. Mais homens. E as mulheres? Por trás da situação dramática de grandes bancos britânicos o que se vê é um clube dominado por homens. Banqueiros tomaram decisões erradas. Banqueiros quiseram fazer seu banco crescer mais do que dava. Banqueiros rasparam as reservas mais do que deveriam. Banqueiros foram megalomaníacos em seu sonho de conquistar o mundo. Banqueiros comprometeram a economia britânica. Banqueiros, sempre. Nenhuma banqueira. O debate sobre os erros dos banqueiros: também ele é virtualmente monopolizado por homens. E as mulheres?
A editora de negócios do jornal The Observer, Ruth Sutherland, notou a ausência feminina no tema que domina as atenções britânicas. E teve uma idéia original: juntou um grupo de mulheres de negócios para discutir a crise financeira. O melhor da conversa foi publicado no jornal.
Teria o estilo masculino de liderar sido responsável pelos problemas? A questão foi mais de testosterona do que de estratégia? ”Perguntamos se uma das causas da crise foi o machismo”, lê-se na introdução do debate. “Uma superdose de testosterona num ambiente dominado por homens levou a estratégias e atitudes arriscadas?”
A primeira e contundente resposta veio de Ros Altmann, especialista em finanças. Sim, para ela a culpa foi em grande parte do testosterona. ”Não tenho dúvida de que um fator significativo em tudo isso é o excesso de machismo, a idéia de que você tem que estar sempre um passo adiante, de que você tem sempre que bater seus rivais. Esta não é mentalidade cooperativa que você encontraria num ambiente feminino.” Não mesmo, me pergunto? Um executivo americano certa vez disse que, se visse um rival se afogando, colocaria uma mangueira de água em sua boca. Mulheres dirigindo empresas num tempo em que a disputa pela sobrevivência é extrema, como estes da economia globalizada, salvariam o afogado?
Admitamos que sim. Sem machismo e sem testosterona, o impulso seria salvar, e não usar a mangueira para terminar o serviço. Goodwin talvez pudesse alegar em sua defesa, se as mulheres reunidas pelo Observer estão certas, que a culpa não foi sua. Foi da testosterona.
Dom, 01/03/09 por Paulo Nogueira categoria Geral tags , ,

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