A beleza, a tecnologia e o mal-humor e um pequeno conselho para os Raulsoarenses. Dependendo do conselho ninguém fala que se fosse bom, era vendido...

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_De uns tempos para hoje, cada vez mais o desenvolvimento da tecnologia e da medicina estética e a paranóia de corpos bonitos - de aspecto jovem, bem-cuidado que aparece na tv, revistas e jornais tornaram uma verdadeira obsessão social...
Não podemos esquecer que os avanços tecnológicos não fazem todos os milagres. Os especialistas não cansam de dizer que o mais importante - e não poderia deixar de ser - é o famoso bom-senso: não há em manual algum de beleza que dê jeito em mal-humor.
Está provado que qualquer pessoa se sentindo feliz fica mais bonita. Os olhos ficam mais brilhantes, a pele mais sedosa e aquele sorriso acontece facilmente... A receita é uma só “consciência tranqüila”. Como já diziam os filósofos, cirugiões plásticos, os psicanalistas e os melhores maquiadores.
Entrevista do maior cirurgião plástico do planeta.Ivo Pitanguy.

– Acredita que a busca pela beleza passou dos limites?–

Acho que cada um tem a sua beleza, cada grupo racial tem uma beleza específica. O que não gosto é tentar estabelecer padrões em detrimento às variadas etnias. Quanto aos acidentes genéticos ou outras deformidades, ninguém precisa ser condenado a exibir traços disformes. As cirurgias reparadoras procuram selar a paz do paciente com a sua própria imagem.

– Como o sr. lida com vaidade?– No meu trabalho, não existe, já que a cada dia temos algo a aprender. Mas na vida pessoal confesso que gosto de usar coisas boas e de me vestir bem.

– O sr. já fez 80 anos e como está se sentindo?– São 80 anos muito bem vividos que parecem 8 anos, me sinto muito bem disposto. Mas vamos encerrar este assunto, pois não quero falar sobre idade (risos).

– O senhor é bom cozinheiro?– Sou sim, mas gosto das coisas simples. Costumo dizer que é melhor uma linguicinha de boa qualidade a um caviar de má qualidade. Na ilha que tenho em Angra dos Reis, costumo fazer um peixe na brasa, temperado sós com água do mar, e mexilhões na panela de barro com batatas e cebolas. Tenho uma coleção de panelas de barro, presente de um paciente.
Missão de vida e ao mesmo tempo um grande exemplo:

No Brasil, o nome Pitanguy tornou-se verbo e adjetivo, imortalizado por poetas e escritores, como Vinícius de Moraes, Rubem Braga e Carlos Drummon de Andrade. No mundo, é praticamente um sinônimo de cirurgia plástica. As glórias não modificaram o Senhor Ivo Pitanguy, ainda bem. As pessoas que sabem usar a inteligência comportam sempre desta maneira, independentemente da profissão - o mais importante mesmo é o ser humano poder fazer o que mais gosta. "Todos nós temos um certo pudor em admitir, em falar sobre nossas próprias lutas. O ser que pensa e produz sabe que não produziu o suficiente. E julga que o que fez é uma parte do muito que poderá ainda fazer. A superação de nossa obra pelos que nos sucedem é o que define o progresso da humanidade. A grande alegria é se sentir um elo que prepara o próximo da corrente", diz.

Direito à beleza

A busca da beleza, do bem-estar, é um direito de todos. Para o Professor Ivo Pitanguy o objetivo maior da cirurgia plástica é o de proporcionar ao individuo, independente de crença, etnia ou classe social, harmonia e paz com sua própria imagem.